Bureau Tipográfico - França Séc. XVIII
Tecnologia e educação, como não poderia deixar de ser, possuem uma relação histórica. Hoje, ao navegar pelo
site pedagógico da Biblioteca Nacional da França fiz um achado muito interessante que ilustra a influência das tecnologias na prática pedagógica. Trata-se de um bureau tipográfico (
Le système du bureau typographique : un apprentissage ludique de la lecture) idealizado pelo pedagogo francês Louis Dumas durante o reinado de Luís XV. Influenciado pelas ideias do empirista
John Locke (Locke defendia que o conhecimento se dá pela experiência), Dumas criou um sistema de aprendizagem experimental lúdico de leitura, composto de um móvel com compartimentos que armazenavam cartas com letras, números e sinais que podiam ser manipulados livremente pelas crianças durante o aprendizado, promovendo uma experiência pedagógica lúdica e com movimento do corpo.
Il a donc imaginé un petit meuble rappelant les casses typographiques où étaient rangées les lettres, chiffres et signes de ponctuation inscrits au pochoir sur le dos de cartes à jouer, afin d'offrir aux enfants un apprentissage alliant la réflexion et le mouvement du corps.
Em minha opinião, sem muito esforço, o invento de Louis Dumas pode ser entendido como um dos precursores do uso dos modernos tablets na educação ou das telas touch screen estilo Surface ( Ver matéria
Microsoft lance la classe Immersive).
Tecnologia Surface na Sala de aula imersiva da Microsoft. França 2013
Destaco, ainda, a intencionalidade de Louis Dumas de criar uma pedagogia que permitisse o movimento do corpo, tirando a criança da posição passiva de recepção, uma intenção que, aliás, dialoga hoje em dia com os propósitos educacionais da tecnologia Kinect.
Por último, porém talvez o mais importante que eu gostaria de destacar aqui é o papel de inventor do pedagogo. Um pedagogo, um educador não pode se limitar a ser um mero replicador de conteúdos como denunciou o Prof. Nelson Pretto em uma entrevista (Ver post que publiquei em 2008
aqui), cabendo a ele, ao pedagogo, assumir uma postura de pesquisador, cientista e inventor de soluções pedagógicas para os problemas de aprendizagem vivenciados na sala de aula, pois melhor do que niguém é ele que tem as melhores condições de entender os sucessos e fracassos vividos nos processos de aprendizado, bem como de propor soluções. Ou seja, por mais desgastado que o termo esteja, não existe melhor expressão do que "engenheiro do conhecimento" para designar o perfil do educador contemporâneo. Em tempos de revolução tecnológica e social, o pedagogo deve assumir uma posição de protagonista. Vivemos numa época de abundância tecnológica, recursos esses que possuem enorme potencial pedagógico e que podem - verdadeiramente - tornar o aprendizado mais ativo, mais lúdico e mais significativo.